
Você já deve ter ouvido muitas vezes de seus pais, professores, líderes religiosos e de intelectuais mainstream que o egoísmo e o materialismo são um grande mal para a humanidade. Com certeza você já foi corrigido por eles e recebeu lições de moral na televisão e até mesmo em posts no facebook sobre o dever de compartilhar e reconhecer a condição das pessoas menos favorecidas e dos marginalizados. Já ouviu, também, que o estado tem o dever de ajudar os pobres e excluídos a terem as mesmas condições que você desfruta. No entanto, sou obrigado a te dizer que tudo o que você escutou sobre a obrigação de o estado ajudar essas pessoas não só deixa de ter validade – por conta da politicagem que cerca o assistencialismo – mas se revela uma obrigação antiética. Vejamos o porque tais medidas nunca deveriam ser adotadas.
Um ponto a ser analisado é o fato de que não se pode imputar como agentes causadores da miséria alheia todo o corpo da sociedade sem distinção. Se há pessoas que foram ao longo do tempo exploradas, discriminadas e tolhidas de sua liberdade em prol de uma agenda racista ou exploratória, convém a cada uma dessas pessoas buscar a punição individual dos responsáveis por provocar essas mazelas. E é bem simples entender isso quando vemos que existem variadas formas de se ganhar dinheiro e obter um status social superior. Os meios lícitos são: o trabalho, o comércio, a atividade empresarial com emprego de mão de obra contratual e consensual; os meios ilícitos mais comuns são: o roubo, extorsão e escravidão. O erro fundamental da teoria generalista – amplamente difundida pela mídia e os intelectuais do mainstream – é punir a sociedade como um todo através de tributação voltada à redistribuição, presumindo de maneira leviana que todos os indivíduos ricos e bem estruturados financeiramente obtiveram ascensão financeira através de meios puramente ilícitos. Todos nós sabemos que o mundo não é composto apenas de pessoas antiéticas e racistas. O que esses intelectuais ignoram sem fazer um exame cuidadoso, é o fato de que nem todas as pessoas ricas e bem situadas financeiramente participaram da construção da miséria em que se encontram esses indivíduos. Seria injusto supor que a sociedade inteira deveria pagar por esse problema e principalmente os indivíduos mais ricos.
Nesse contexto, uma abordagem coerente no campo da ética, condenará qualquer política social redistributiva, bem como qualquer tipo de ação afirmativa baseada em cotas ou privilégios de qualquer natureza. A generalização não pode ser aplicada em função de haver diferentes indivíduos que obtiveram dinheiro e riquezas de diversas formas sendo elas lícitas ou ilícitas. A responsabilidade por pessoas incapazes ou deficientes não é também um peso que toda sociedade teria que carregar, mas é uma responsabilidade dos genitores que de maneira voluntária assumiram os riscos de gerar uma pessoa em condições desfavoráveis. Todos nós sabemos do valor da caridade e da compaixão, mas não há como conceber que a caridade forçada ou imposta seja algo benéfico à sociedade. Não há como conceber que as consequências de atos individuais tenham que ser pagos por toda a sociedade incluindo nesse caso os que não tenham qualquer relação direta com as causas que motivaram a condição alegada.
