Dos Efeitos Sociais da Propaganda

Poucas pessoas pararam para pensar sobre como o nosso comportamento sofre intervenção da mídia, das escolas, das religiões e de tantas outras formas de capturar a vontade humana fazendo-a servir a interesses muitas vezes sem qualquer sentido para nós mesmos. Num esforço que se faz para tentar compreender esse fenômeno social nos deparamos com as mais terríveis formas de manipulação que buscam robotizar ou no mínimo tornar previsíveis os comportamentos que são benéficos a determinados indivíduos ou grupos. É óbvio que nem toda propaganda é intrinsecamente má ou manipuladora, mas convém termos uma noção exata do que a propaganda e o fluxo de informação representam para nós. É necessário entender quais as consequências desses instrumentos de comunicação para os indivíduos.

A arte de se comunicar é geralmente acompanhada de um bom sucesso em vendas e negociação. Tanto para a política quanto para o mundo empresarial essas habilidades são indispensáveis. O que diferencia a política do empreendedorismo no que diz respeito à comunicação são dois elementos: o meio pelo qual se extrai os recursos para prover fluxo comunicativo e a forma como se estabelece no tempo essa atividade. A política se estabelece pela extração de recursos e pela imposição de uma obrigatoriedade de alguém ceder espaço em mídias privadas, o que nos demonstra que a política não busca a naturalidade, mas simplesmente uma imposição antiética. O verdadeiro empreendedorismo age à medida em que gera os recursos suficientes para pagar pelos serviços nas diversas mídias e não impõe qualquer coisa. Ainda assim, para além do óbvio, precisamos analisar outros fatores mesmo que o meio empresarial atue na disseminação de propaganda. Isso se dá porque muitos dos ditos “empresários de sucesso” conquistaram seus impérios com ajuda formal e informal de políticos e governos, o que os torna tão perversos como qualquer ente parasitário. Nesse sentido, é fácil compreender que os interesses dessas empresas não se confundem com os reais interesses de clientes, mas obviamente a interesses pessoais e políticos escusos. Essas empresas, as quais chamamos de grandes corporações, passam a atender interesses remotos ocultos passando a comprar espaço midiático para a disseminação de pautas absurdas. Os interesses adjacentes à propaganda comercial passam a ser a razão de ser do negócio.

A captura midiática pelo poder econômico que se estabeleceu por meios políticos é só um dos problemas, talvez seja o maior deles, mas há mais situações críticas “invisíveis” aos olhos do homem comum pois nem sempre o que nos é apresentado como um serviço, produto ou padrão “demandado” supre as nossas necessidades individuais. As pessoas não param para pensar que uma vez que a mídia busca padronizar algo ela foge do que está estabelecido naturalmente, a saber a diversidade de pensamentos e necessidades pessoais. Quando alguém vê uma propaganda que apela a um padrão de beleza, à compra de um carro novo ou mesmo um equipamento eletrônico isso não significa que você deve seguir a linha que te foi apresentada na peça publicitária. Cabe a você decidir se aquilo que se diz na peça publicitária é algo bom para você. Pode ser bom para alguns, mas nem sempre será para você. A propaganda busca induzir a maior quantidade de pessoas a um condicionamento mental que as faça acreditar que precisam comprar determinado produto ou contratar algum serviço. Citarei um exemplo clássico que ocorre na indústria da beleza e do sexo.

Somos bombardeados diariamente com propagandas de produtos emagrecedores, contra a calvície ou que “melhoram” performance sexual. São produtos como quaisquer outros que para serem vendidos precisam alcançar as mentes das pessoas. Alguém precisa estar insatisfeito com o próprio corpo para que busque essas soluções ditas “milagrosas”. A propaganda então apresentará um padrão de beleza ou de performance sexual e tentará convencer as pessoas de que estão fora dele e precisam fazer algo para mudar essa situação. Não quero dizer que os vendedores não podem fazer isso. Apenas deixo claro que muitas propagandas possuem um ingrediente a mais do que simplesmente a exposição de um produto. Muitas peças publicitárias querem criar em você a ideia de que é necessário mudar um comportamento pois não fazer isso pode colocá-lo em uma situação constrangedora ou de risco em alguns casos. Muitas vezes essas situações causam medos infundados e exagerados que levam as pessoas a comportamentos irracionais. Temos exemplos claros do que o culto ao corpo pode causar na mentalidade humana quando descobrimos mais e mais casos de anorexia e traumas provocados por essa obsessão pela beleza. Vemos também muitos homens querendo soluções rápidas para problemas sexuais sem se dar conta dos perigos da utilização de certas substâncias, da realização de procedimentos cirúrgicos ou métodos extremamente arriscados. Cabe a cada um decidir o que fazer com seu próprio corpo. Chamo à atenção a esses fatos somente para ilustrar o quanto esses comportamentos podem ser nocivos para as pessoas.

Passando para o plano político vemos algo de resultados sociais ainda piores visto que o que está em jogo é a escravidão coletiva da raça humana. Quando alguém propagandeia ideias políticas ele está dizendo que precisa de seu apoio para impor uma agenda aos que discordam dela. Não há indivíduos inimputáveis no jogo político, somente alguns que não compreenderam o quão perversa e manipuladora a política é. A política anseia por legitimar comportamentos arbitrários devendo ser esse o objeto a ser analisado apesar de alguns dizerem ter as mais belas e puras “boas intenções” ao utilizá-la.

Assim como uma maioria fora do escopo político não pode ditar regramentos para seu comportamento individual dentro dos limites de sua propriedade, o mesmo deveria ser aplicado a todas as situações. Tal perspectiva eliminaria qualquer tipo de intervenção estatal anulando o estado enquanto instituição violadora de direitos. A propaganda estatal tem o objetivo de tapar os olhos das pessoas a essa verdade.

Qualquer propaganda deseja induzir pessoas a comportamentos. Você já parou para pensar quais são esses comportamentos?

Já pensou em quantas vezes você deixou de estar feliz, ser próspero e livre em função dessa prisão que se estabeleceu pelo fluxo de informações dirigido e manipulado?

A servidão mental é o primeiro passo para a servidão física! Seja livre!

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